Não foram só as notícias de abandono, de desespero, mas aquelas palavras que ouvi à Alda doeram-me e parece que não tenho resposta.
Ela tinha-me dito "Não estou cá a fazer nada. Vivi muitos anos.
Nem faço falta."
Eu, sem palavras.
Porquê? Por que é que não lhe respondo que me faz falta. E aos sobrinhos. À vizinha que a espera no café.
Senhor, ensina-me as palavras certas e concretas...
Dá-me a inquietação, a invenção do gesto.
Este dia será uma oração p´los velhos.
Lembro estas palavras de O'Neil:
«Velhinhas de gargantilha
visitam o neto, a filha,
levam bombons de creme.
Um velho tira dos dedos
profecias e enredos.
Outros fazem esgares,
têm poses e vagares.
E a velha que morre sem uma queixa?
Venha a cidade ajudar a abotoar o casaco.
Velhos, meus queridos velhos,
saltem-me para os joelhos.
Maria Teresa Frazão
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