quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Quem são os cristãos do Egipto

Na noite de passagem de ano, foram mortos 23 cristãos egípcios - coptas - num atentado em Alexandria. A notícia correu mundo e terão sido muitos os que se questionaram: “Mas o que são, quem são os coptas?”. É a esta e outras questões com ela relacionadas que aqui respondemos.

O que significa “copta”?
Os cristãos de origem egípcia são conhecidos como coptas. A palavra deriva do grego “aiguptius”, que significa, simplesmente, egípcio. Quando os árabes muçulmanos invadiram o Egipto no século VII, a população local era esmagadoramente cristã. Os muçulmanos ocupantes apelidavam os habitantes locais de egípcios, usando a palavra grega, e esse nome passou a definir os cristãos, por oposição aos muçulmanos, de etnia árabe. Hoje em dia, copta significa qualquer cristão de tradição egípcia.

Quantos são os coptas?
Existem, no mundo, cerca de 20 milhões de cristãos de origem egípcia. Calcula-se que os cristãos sejam entre 8% e 12% da população do Egipto, o que se traduz em cerca de 10 milhões de pessoas. Existe ainda uma grande diáspora copta, com cerca de 1,5 milhões nos EUA e Canadá. Na Europa, as maiores comunidades encontram-se em França e no Reino Unido, com algumas dezenas de milhares. Há ainda meio milhão de coptas no Sudão, país que faz fronteira com o Egipto. A esmagadora maioria dos cristãos egípcios pertence à Igreja Copta Ortodoxa. Há pequenas minorias que pertencem à Igreja Copta Católica ou a comunidades coptas protestantes.

Quais são as origens do Cristianismo no Egipto?
Os coptas são uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo. No início da expansão cristã, Alexandria era uma das principais cidades do Império Romano e formou-se aí, desde cedo, uma comunidade cristã. Alexandria foi um dos quatro primeiros patriarcados, juntamente com Antioquia, Jerusalém e Roma.

O que é a Igreja Copta Ortodoxa?
A principal Igreja no Egipto é a Igreja Copta Ortodoxa, chefiada pelo Papa Shenouda III. Esta Igreja não está em comunhão com a Igreja Católica nem com as Igrejas Ortodoxas de tradição bizantina, como a Russa, a Grega e outras da Europa de Leste. Os coptas ortodoxos pertencem à comunhão de Igrejas que se separaram do resto do Cristianismo, depois do concílio de Calcedónia, no século V, que inclui, ainda, a Igreja Arménia, a Igreja Etíope, entre outras.

Que contribuições têm dado para o Cristianismo?
Os coptas têm feito grandes contribuições para o Cristianismo universal, nomeadamente no que diz respeito à tradição monástica, que nasceu nos desertos do Egipto com grandes figuras como Santo Antão. Deve-se ainda aos coptas a preservação de inúmeros textos sagrados.

Porque há perseguição?
Os coptas, pequena minoria num país esmagadoramente muçulmano, queixam-se de perseguição e opressão graves e frequentes. Por lei, é impossível um muçulmano converter-se ao Cristianismo no Egipto, enquanto os cristãos vêem a sua vida facilitada se se converterem ao Islão. Não existem limites à construção ou reparação de mesquitas, mas é preciso uma ordem presidencial para construir uma Igreja ou fazer obras numa já existente. Os coptas queixam-se ainda de discriminação por parte da polícia e das forças de segurança.

por Filipe d’Avillez em Página 1, 6 de Janeiro de 2011

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