Um momento que me marcou especialmente foi vivido na Sexta-Feira Santa na paróquia de Santa Cruz do Castelo, no bairro do Castelo de São Jorge, na antiga Lisboa.
Decorreu primeiro um Auto da Paixão dentro daquela igreja. Vi aqueles paroquianos com tamanha humildade e fé interpretarem as personagens de Jesus, Pilatos, Verónica, Simão Nazareno. Senti uma grande emoção ao ver assim uma paróquia tão envelhecida, mas tão empenhada em manter viva uma tradição sua.
Seguiu-se a Procissão do Senhor da Boa Morte. Em silêncio, apenas cortado pelos ruídos que propositadamente eram feitos para chamar as pessoas das casas a assumirem à janela, seguimos Jesus morto. Tocou-me a sensilibilidade dos comerciantes que paravam à porta das suas casas observando a procissão ou os turistas que se apenhavam à porta do castelo e que faziam silêncio quando a imagem passava, ou a senhora que de sua casa atirou pétalas de flores para a imagem de Jesus morto.
Ficou a vontade de para o ano voltar e o apelo do pároco muito activo para que viessem mais pessoas viver estes momentos de fé nesta paróquia antiga.
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